Crónica - Ricardo Araújo Pereira

A Justa medida

Permitam-me que utilize este espaço para um anuncio judicial: vou processar o sexólogo Nuno Monteiro Pereira, autor do livro "O pénis- da Masculinidade ao Órgao Masculino", que acaba de sair. Trata-se de um estudo cientifico sobre o pénis, e eu nao tenho nada contra a ciência nem contra o pénis - excepto quando ambos se juntam para me dar cabo da vida. É o caso deste estudo. No livro, o dr.Monteiro Pereira revela que os homens mais altos possuem um pénis maior que os mais baixos, e que o pénis dos magros é maior que o dos gordos. Eu, que tenho 1.93 metros e sou escanzelado, ja estava a preparar um bonito cesto de flores com um simpático cartão de agradecimento ao cientista quando constato que, na mesma obra, o dr.Monteiro Pereira discorre longamente sobre os inconvenientes do excesso da dimensão peniana.
Não se faz.A agravar tudo isto, junte-se o facto de a credibilidade do estudo ser absolutamente inatacável. Por exemplo, o dr.Monteiro Pereira revela que o comprimento médio do pénis português é de 15.82 centímetros. Ciência é isto: rigor. Não são 16 centímetros. Não são 15.8 centímetros. São 15.82 centímetros. Temos a informação sobre os centímetros (15), os milimetros (8) e a unidade de medida que vem imediatamente a seguir aos milímetros (2), cujo o nome não me ocorre neste momento, embora o meu pénis a possua. Benditos 0,02 centímetros, que se juntaram aos 15,8 e não foram deixados de fora. Dito assim, não impressiona, mas 0,02 centímetros podem fazer muito pela auto-estiama do pénis português. Eu sou um leigo em mediçao peniana (sou, aliás, um leigo em quase tudo, faz parte do meu encanto), mas não deixo de me impressionar com a precisão deste estudo. E tambem a importância que o seu objecto mereceu. Neste estudo foram usados instrumentos de medição que arredondam até á centésiama de centímetro. Para um objecto de estudo menos digno, uma fita métrica teria bastado.
Seja como for, este estudo pode ser, tambem, libertador. Sobretudo na medida em que pode um homen da opressão feminina. Chega minhas senhoras. Nós não somos apenas objectos sexuais. Somos mais do que simples caras bonitas.
Possuimos um órgão sexual fascinante e até de dimensões, em média muito aceitáveis? Possuímos sim senhora. Mas ele é também um protagonista detartados científicos, motivo de discussão para investigadores que, em regra, até por usarem óculos muitos grossos e terem em geral borbulhas, se servem mais dele no ambito da ciência do que no do lazer. Merece, por isso, mais respeito. Às vezes falha? Ouvi dizer que sim, mas há de ceteza uma razão extremamente científica que o justifica.

( Agradecimentos à Joana Catarina pela redação deste excerto )